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8/8/13

Vassalagem

"A estrutura hierárquica da empresa está marcada pelo caráter sagrado do chefe, pela impessoalidade organizacional e por uma concepção individualista subentendida.
A racionalidade da hierarquia equivale à "moral fechada" de Bergson; defende-se contra qualquer intrusão, qualquer contestação.
(...) O universo burocrático, no qual aparecem relações hierárquicas, apresenta-se por meio de conceitos mecânicos, em que se procura evitar curto-circuitos e respeitar canais de comunicação.
(...)É necessário salvar a hierarquia ante a multiplicidade de grupos, das discussões das relações laterais, do peso do informal. Isso é mais claro em organizações formais altamente autoritárias, como a Igreja e o Estado. Enquanto isso, os estados-maiores das empresas se divertem com organogramas em que burocratas agem. Aparentemente, o exercício da chefia liga-se à competência: o melhor aluno do colégio atinge a universidade, a melhor datilógrafa torna-se secretária, o melhor professor torna-se diretor. Seguido a ideia de que o mais competente deve ser promovido, cria-se uma etica das relaçoes hierárquicas -"o chefe deve ser o exemplo" é um modelo a ser imitado. O chefe "recebe" uma "delegação de poder". Sua autoridade não é, inicialmente, de natureza psicológica, mas puramente hierárquica, sagrada. A investidura na Igreja, ou no Exército, é solene. A empresa cultiva uma liturgia em que os signos são vestuário, mobília, e o subordinado vive na dependência do saber e do poder.
Mesmo em estruturas empresariais despidas de formalismo rígido, o subordinado mantém diante de seus superiores um temor reverencial ambivalente, o medo funda-se na agressividade e na sedução, excluindo a neutralidade afetiva.
Conservadora na sua própria natureza, a relaçao hierárquica traz elementos de magnificência e destina-se a manter o existente. Como guardiã de uma ordem transcedental, a hierarquia como sistema a priori perde-se na sua imanência. O que caracteriza essa forma de organização é a tendência á repetição; ela encontra obstáculo na complexidade crescente das técnicas, no desenvolvimento das ciências humanas e no surgimento de um poder operário.
(...) A política de "relações humanas" é excessivamente polida para ser honesta."

Trechos do livro "Administração, poder e ideologia" de Maurício Tragtenberg.

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