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24/1/13

Esperança


'Nem uma lágrimaé um livro e uma lâmina. Seu corte preciso pode agradar a todos os que se interessam por teatro, cultura, filosofia, história, política e pela interconexão entre esses campos. Mas será útil principalmente para quem deseja enterrar um mundo de velhas formas e conteúdos ultrapassados; para quem almeja construir um mundo, nas palavras de Marx e Engels, em que “o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos”.

“O crime de lesa-humanidade do capitalismo não é ter criado uma sociedade materialista em que se desejam bens de consumo, mas tê-la organizado de modo a impedir que a maioria tenha acesso aos bens que produz. Nós somos pela saciedade e contra a fome em todos os âmbitos, inclusive o da cultura.” Esse é o primeiro trecho do livro. Condensa de forma cristalina o espírito geral presente nos seis textos nele reunidos. Seu estilo é límpido e honesto: uma arma apontada contra todos os discursos filosofantes, supostamente sofisticados. Para combater o pensamento reacionário na arte e na vida, a história de revoluções e contrarrevoluções no teatro e na cultura serve de alavanca para a crítica do capital, sempre do ponto de vista da classe trabalhadora e suas lutas políticas.

Existem livros que, ao serem lidos com atenção, destroem dúvidas, diluem medos e desfazem preconceitos. Suas ideias devem ser assimiladas com esmero e disciplina, pois dessa forma ficamos mais fortes, lúcidos e prontos para o combate. A leitura, no caso de livros assim, não é apenas um exercício individual. É, sobretudo, um ato de comunhão e fraternidade com os que tombaram e os que cotidianamente são aviltados pelo regime de escravidão assalariada em que vivemos. Tais livros questionam utopias, exatamente para que elas possam ser ensaiadas no palco da vida prática. Em cada página há um recado para os seres humanos de carne e osso. Existem, enfim, livros que preparam a grande transformação, sabendo que ela não é um ato de mágica, mas um processo, um desenvolvimento. Nem uma lágrima é um desses livros. Merece ser lido por todos que desejam lutar pelo novo amanhecer, quando vier o tempo da delicadeza.'

Resenha escrita por Daniel Puglia, Professor do Departamento de Letras Modernas da USP, a respeito do livro Nem uma lágrima, de Iná Camargo lançado pela editora Expressão Popular. Texto retirado da Le Monde Diplomatique número 61 (Agosto 2012).

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