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6/11/11

Lixo

“Não se faz política com o fígado”. Ulisses Guimarães tinha lá suas contradições, mas perto de tantos por aí, era uma Madre Teresa de Calcutá de virtudes. E cunhou uma das maiores frases, aqui repetida no início desse texto para definir o sentimento que deve guiar a política e os políticos. Política deve ser feita com cabeça, e se não for pedir demais aos nossos representantes, alma e coração. Ao menos um pouquinho...

Dilma gosta da frase. Já repetiu a máxima do Velhinho algumas vezes. Não sei o que ela está sentindo agora, nesse momento em que é vítima de política rasteira, da maior expressão de uma política feita com o fígado, com bílis, com o perdão da palavra feia. Porque tudo está tão claro...Enquanto alguns perdem tempo em comentários bairristas, preferem vibrar com um Rio de Janeiro passado pra trás, ou com Porto Alegre surrupiada, lá da Suíça o todo poderoso Ricardo Teixeira deve morrer de rir.

Preparou sua vingança com azeite quente, e traçou sua estratégia com o fígado, com ódio, como costuma fazer com quem cruza seu caminho. O mesmo que gritava com ódio uma vez em um hotel do Rio exigindo cabeças de jornalistas para executivos subservientes, o mesmo que é implacável com quem costuma ser voz dissonante e ousa buscar a verdade...Esse mesmo, passou a mão em 190 milhões de brasileiros. Inclusive a Presidenta.

Que ousara uma postura de independência, soberana diante do déspota e da Fifa. O troco veio caro. E está claro na escolha de sedes e tabela de Copa das Confederações e Copa do Mundo: a revoada do canarinho ao ninho tucano é estrategicamente pensada, vingança, vendeta de filme, de Poderoso Chefão. É duro acreditar que a obtusidade de alguém nessa hora pode pensar em bairrismos bobinhos para entender a revoada para São Paulo e Minas Gerais sem pensar em política feita com o fígado, sem pensar em vingança.

O cenário foi milimetricamente pensado. Com o fígado. Em pleno processo eleitoral de 2014, em curso para eleições de presidentes e governadores, a seleção estará preferencialmente no ninho tucano, BH e SP aquinhoadas generosamente. O resto é bobagem, como todo “ismo”. Bairrismo, racismo, fascismo...A essência da decisão é por aqui. Feita com o fígado.

A tragédia, a conseqüência dessa política feita com o fígado sim, é o inexplicável afastamento do cenário do Maracanã. O templo estuprado, o santuário onde o desdentado e o gravatinha se misturavam, destruído em sua alma para...Para nada! Pela bílis de um déspota e pela sede de alguns abutres subservientes, que agora, vítima do próprio déspota, devem se olhar no espelho envergonhados ao constatar que tomaram uma volta.

Dilma tem uma história de lutas, forjada na ponta da faca nas masmorras sórdidas da ditadura. Não acredito que vá se dar por satisfeita em ter sido vítima da política do fígado. Em tomar uma volta. Como diz o cancioneiro de sua Minas natal, “temos pólvora, chumbo e bala, o que nós queremos é guerrear”. Os próximos capítulos prometem e dão alguma esperança.

E se, em algum momento de sanidade nesse país onde cada vez o fígado se sobrepõe ao coração e alma na política, e até mesmo a cabeça, quem sabe voltamos a ter alguma dignidade...E aí então, queria ter alguma esperança de que alguém olhasse pro meu Maraca...Destruído pelo fígado dos vendilhões do templo, com o beneplácito dos subservientes prefeitinho e governador. Os mesmos que agora sentem a mão alheia passadas no traseiro.

Autor: Lucio de Castro

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